Calcifediol
Uma nova forma de suplementar a vitamina D
Fontes alimentares e metabolismo da vitamina D
Embora seja denominada vitamina, conceitualmente se trata de um pré-hormônio. Juntamente com o parator- mônio (PTH), atuam como importantes reguladores da homeostase do cálcio e do metabolismo ósseo. Em- bora de maneira insuficiente, pode ser obtida a partir
de fontes alimentares, por exemplo, óleo de fígado de bacalhau e peixes gordurosos (salmão, atum, cavala), por isso, a síntese cutânea endógena, representa a principal fonte desta “vitamina” para a maioria dos seres humanos. A vitamina D pode ser encontrada sob as formas de ergocalciferol (vitamina D2) e de colecalciferol (vitaminaD3). A vitamina D2 pode ser obtida a partir de leveduras e plantas.(1,2)
Na pele, o precursor é o 7-dehidrocolesterol (7-DHC) que durante a exposição solar, sofre uma fragmentação fotoquímica para originar o pré-colecalciferol (vitamina D3) pela ação dos fótons UVB na epiderme. Segue-se uma isomerização dependente da temperatura, que converte este intermediário em colecalciferol, que é transportado para o fígado pela DBP (proteína ligadora da vitamina D), onde ocorre uma hidroxilação do carbono 25, pela enzima CYP27B1, levando a formação de 25 hidroxi-vitamina
D [25(OH)D], por um processo que não é estritamente regulado, já que ocorre sem controle, e que depende da combinação de suprimentos cutâneos e dietéticos da vitamina D.(1,2)
A seguir, a 25(OH)D é transportada para os rins pela DBP, onde ocorre a conversão em calcitriol ou 1,25 diidroxi-vi- tamina D [1,25(OH)2D], que é o metabólito mais ativo e é responsável por estimular a absorção de cálcio e fosfato pelo intestino. A hidroxilação no rim é estimulada pelo PTH e suprimida pelo fósforo e pelo FGF-23. Sua produção é controlada estreitamente por retrorregulação, de modo a influenciar sua própria síntese através da diminuição da atividade da 1α-hidroxilase. Este mecanismo reflete uma ação direta da 1,25(OH)2D nos rins; porém, ainda há uma ação inibitória sobre a produção de PTH nas paratiroides. (1,2)
A 1α-hidroxilase também pode ser encontrada em outras células e tecidos, tais como pele, próstata, mama, in- testino, pulmão, célula β pancreática, monócito e células da paratiroide. A 1,25(OH)2D também pode ser sintetizada localmente por estas células e tecidos.(1,2)
O receptor da vitamina D (VDR) pertence à superfamília dos receptores nucleares dos fatores reguladores da transcrição dos hormônios esteroides, ácido retinóico, hormônio tiroidiano e vitamina D. Após a ligação da 1,25(OH)2D com o VDR, este interage com o receptor do ácido retinóico, formando um complexo heterodimérico (RXR-VDR) que, por sua vez, se liga a sequências específicas do DNA, conhecidas como Elemento Responsivo à Vitamina D (VDRE).
Os principais órgãos-alvo para a 1,25(OH)2D são o intestino, o osso, as glândulas paratiroides e o rim. Entretanto, a presença de seus receptores foi demonstrada em vários outros tecidos.(1,2)
Funções da vitamina D
A vitamina D tem importantes ações relacionadas à esfera ósteo-muscular; promovendo a maior absorção de cálcio no intestino, modulando a secreção de PTH e a promovendo a melhor função muscular.(1) No tratamento da osteoporose, a adequação de cálcio e vitamina D é fundamental para que as medicações anti-osteoporose possam ter sua eficácia esperada.(3)
As ações não-ósseas da vitamina D são muito pesquisa- das hoje, e vale destacar a importante revisão sistemática de meta-análises de estudos de intervenção de Autier et al. que mostrou benefícios em redução da mortalidade em pacientes com câncer, risco de parto prematuro e préeclâmpsia em grávidas; melhora da função muscular e parâmetros respiratórios, além de prevenção de infecções respiratórias principalmente em indivíduos deficientes [25(OH)D<20 ng/mL].(4)